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Palavras do senhor Luis Alberto Moreno na sessão de encerramento

Introdução

Quero aproveitar estas palavras de encerramento de nossa Reunião Anual para

agradecer ao Primeiro-Ministro das Bahamas, Hubert Ingraham, ao Primeiro-Ministro de

Barbados, David Thompson, e ao Primeiro-Ministro de Belize, Dean Barrow; também

quero agradecer novamente aos nossos anfitriões norte-americanos e à cidade de Miami,

às delegações dos países membros do Banco, a todos os painelistas e participantes de

seminários e reuniões, e, muito especialmente, aos funcionários do BID e de outras

organizações e empresas vinculadas a este evento, que com seu trabalho eficaz e discreto

tornaram possível o êxito deste encontro.

Para nós, a Reunião Anual é uma oportunidade singular de oferecer a todas as

pessoas interessadas uma janela aberta ao trabalho do Banco, e também escutar as

diversas perspectivas dos países membros e de representantes do setor privado, da

sociedade civil e de outras entidades comprometidas com o esforço conjunto e

transcendental do desenvolvimento. Este fórum nos permite tomar o pulso da situação da

América Latina e do Caribe, atualizar nosso conhecimento e afinar nossas estratégias e

enfoques.

Nesta ocasião, nos visitaram cerca de 5.000 pessoas, que participaram dos mais de

10 seminários e eventos sobre temas de atualidade e importância, como o banco móvel e

outras estratégias de democratização financeira, o papel da filantropia e de parcerias

público-privadas inovadoras na luta contra a pobreza e o desafio da mudança climática e

sustentabilidade energética.

O ambiente econômico

Os diálogos e trabalhos apresentados na Reunião Anual confirmam nossa

percepção generalizada de que as economias da América Latina e do Caribe estão

preparadas para enfrentar os efeitos da instabilidade nos mercados internacionais,

devido, principalmente, aos resultados macroeconômicos dos últimos anos.

O discurso do Governador pelos Estados Unidos ratificou este conceito,

ressaltando o esforço realizado para equilibrar as finanças públicas, reduzir os níveis de

endividamento e abrir os mercados. De fato, no âmbito regional, a dívida externa se

reduziu de 41,5% do PIB para 20,3% e as reservas internacionais aumentaram em

285 bilhões de dólares nos últimos cinco anos, ao mesmo tempo em que a renda por

habitante aumentou a taxas não vistas em 40 anos.

O bom desempenho econômico e a aplicação de políticas sociais eficazes e

inovadoras permitiram, como indicou o Secretário Executivo da CEPAL, reduzir a

porcentagem de pessoas que vivem em condições de pobreza e indigência em 20% e

34%, respectivamente, no último qüinqüênio.

No entanto, como nos disse o Governador pela Argentina, esta Reunião se realiza

num clima de incerteza, especialmente nas economias desenvolvidas. Devemos estar

alertas frente a esta etapa de turbulência econômica e financeira, adotando políticas

públicas sustentáveis para manter os níveis de crescimento, proteger os ganhos de

bem-estar e aprofundar a distribuição dos benefícios para os setores de mais baixa renda.

Dentro de um panorama regional que mostra sinais de força, devemos reconhecer

que alguns países enfrentam dificuldades, especialmente aqueles que devem enfrentar os

maiores custos do petróleo e dos alimentos.

Esta preocupação ficou explicitamente refletida nos discursos do Governador

pelas Bahamas, recolhendo uma percepção generalizada no Caribe e na América Central.

O BID está pronto e disposto a apoiar os países para mitigar os efeitos da conjuntura

sobre o tecido social.

Embora a maior integração ao mundo gere novos desafios, também apresenta

oportunidades inigualáveis para acelerar a trajetória ao progresso. Neste sentido, seguir

trabalhando em prol de uma integração maior e mais efetiva com a economia global é

uma tarefa fundamental. Como enfatizou a Governadora pelo Canadá em múltiplas

ocasiões, a Iniciativa de Ajuda para o Comércio (“Aid for Trade”) constitui a ferramenta

mais efetiva para poder aproveitar integralmente a abertura ao mundo.

A mudança climática

Os intercâmbios que se deram no âmbito da Assembléia e dos seminários

evidenciaram as preocupações dos especialistas e dos Governadores com a mudança

climática e seu impacto na Região e no mundo.

A apresentação de Ricardo Lagos, ex-Presidente do Chile e Enviado Especial para

a Mudança Climática do Secretário-Geral das Nações Unidas, manifestou que este

fenômeno coloca para a humanidade riscos de alcance amplo e imprevisível. Os efeitos

negativos sobre nossa qualidade de vida e a de gerações futuras requerem não só medidas

imediatas, mas também, e muito fundamentalmente, ações coordenadas da comunidade

internacional.

Compartilho a observação do Governador pela Alemanha, quando mencionou que

a mudança climática é uma ameaça para todos, mas com efeitos maiores sobre os pobres.

O Governador pela República Dominicana, por sua vez, insistiu firmemente nos efeitos

devastadores de uma maior incidência de desastres naturais associados a fatores

climáticos.

Coincido com o interesse expressado pelo Governador pelo México na Gestão

Integral de Riscos de Desastres Naturais e assumimos o compromisso de continuar

trabalhando para atender as vulnerabilidades de certos países e sub-regiões a riscos

catastróficos.

Compartilho a opinião do Governador pelo Japão sobre o papel de liderança que o

Banco deve ter neste tema. O Banco reconheceu a urgência e as características

supranacionais deste desafio e há um ano lançou a Iniciativa de Energia Sustentável e

Mudança Climática (SECCI), que busca apoiar os países em toda a gama de esforços de

política através de diversas ferramentas de financiamento, assistência técnica e

transferência de conhecimentos.

Como mencionou o Governador pela Guatemala, a busca de fontes de energia

alternativas deve fazer parte do menu de políticas. Estas, além de contribuir para a

mitigação do problema, podem se converter também em fontes de investimento, emprego

e bem-estar.

Novos enfoques para assegurar um crescimento sustentado e inclusivo

Sabemos que o crescimento sustentado e inclusivo na Região requer esforços

constantes e visão de longo prazo, mas também estratégias inovadoras e enfoques

criativos que vinculem novos atores a este projeto comum.

O trabalho tradicional do Banco focaliza a cooperação com os governos centrais

nos grandes temas de política pública. No entanto, a distribuição dos benefícios do

crescimento, como bem expressou o Governador pelo Brasil, implica fortalecer os

vínculos com outros atores estatais do desenvolvimento no âmbito estadual e municipal.

A melhoria das condições fiscais e da governança abre espaços de colaboração

com entidades subnacionais e empresas públicas em temas como a provisão de água

potável e saneamento que, como indicou a Governadora pela Áustria, são cruciais para

combater a pobreza e atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

O Banco realizou esforços sistemáticos para atender à crescente demanda de

financiamento sem garantia soberana e apoiar a melhoria das capacidades institucionais

locais, as quais, como sugeriu o Governador pelo Peru, são uma tarefa pendente na

Região.

O setor privado é um aliado poderoso na luta pela redução da pobreza, que

contribui com ações suplementares às que os governos podem realizar. Como sintetizou

de maneira eloqüente Bill Gates, o “capitalismo criativo” conta com uma singular

capacidade de elaborar e implementar soluções para os problemas do desenvolvimento,

baseadas em incentivos de mercado e com critérios sólidos de escalabilidade e

sustentabilidade.

A iniciativa Oportunidades para a Maioria, que o Banco vem impulsionando,

busca precisamente identificar, desenvolver e reproduzir projetos e parcerias com o setor

privado que tenham amplo impacto social e complementem as políticas públicas.

Não obstante, os desafios são tais que as ações do setor público e da iniciativa

privada não bastam. As parcerias com fundações, ONGs e doadores individuais serão

parte fundamental do esforço futuro do Banco para mobilizar novos recursos, catalisar

parcerias e gerar inovação.

Nesta Reunião lançamos “Yo Amo América”, um esforço conjunto com alguns

dos artistas mais renomados do nosso hemisfério para levar maciçamente a mensagem da

filantropia e da generosidade de recursos, tempo e, sobretudo, coração às novas gerações.

A música não só é uma das ferramentas mais potentes para comunicar mensagens

de mudança e influir sobre o destino da Região, mas também pode contribuir diretamente

para mudar vidas. O apoio que o Banco deu ao Sistema de Orquestras Juvenis e Infantis

da Venezuela, que beneficia anualmente 500 mil crianças e jovens, a maioria deles em

situação de pobreza e vulnerabilidade, é um exemplo claro da música como ferramenta de

construção de civismo, eqüidade e redução da pobreza.

Estas tarefas passam obrigatoriamente também pela inclusão de grupos

marginalizados. O Banco, como mencionou a Governadora pelo Reino Unido, deve

continuar apoiando temas de gênero dentro da sua estratégia para a pobreza.

A incorporação da mulher e de grupos étnicos excluídos é indispensável para atender

efetivamente os problemas de pobreza e desenvolvimento que nossos países enfrentam.

Novo Esquema Operacional

Todos os temas mencionados até aqui requerem um Banco sólido, inovador,

flexível e com maior musculatura financeira como indicou o Governador pela Colômbia.

A tarefa mais importante que nos ocupará no presente ano, e nisto concordamos

plenamente com o Governador pelo Panamá, é a aprovação de um novo esquema de

financiamento, o qual vai reger as operações do Banco durante o início de seu segundo

cinqüentenário.

Assumimos o compromisso de contar com uma proposta de Novo Esquema

Operacional durante 2008.

Para o Banco e a Região, a definição do Novo Esquema Operacional é um

elemento tão crucial como o realinhamento já concluído. O Governador pelo Chile

indicou que devemos nos aproximar dos temas financeiros e operacionais sem olhares ou

posições rígidas baseadas em discussões passadas.

Concordo com este enfoque: devemos nos permitir um espaço para selecionar

com maior flexibilidade o tipo de instrumentos que podem ser utilizados para apoiar as

necessidades específicas de países mutuários cada vez mais diversos.

Temos a oportunidade de aumentar a substância do nosso programa de trabalho,

melhorar sua qualidade e impacto e expandir a disponibilidade e flexibilidade dos

recursos financeiros requeridos por uma Região maior e mais heterogênea, que enfrenta

turbulências conjunturais e desafios estruturais.

Gostaria de agradecer à Governadora pela Espanha sua menção do Banco como a

instituição de referência para a Região e como um interlocutor-chave e fundamental no

diálogo entre os países, o setor público, o setor privado e a sociedade civil da Região, e

desta com o mundo.

Este Banco nasceu da vocação de integração e inserção internacional de um grupo

de líderes visionários. Este é o espírito que nos reuniu uma vez mais em Miami e que

celebraremos na próxima Reunião Anual em Medellín, Colômbia, à qual os convidamos

desde já.

Festejaremos meio século deste projeto coletivo que é o Banco em uma cidade

pujante, renovada e que se posiciona com otimismo ante as oportunidades do contexto

global no qual nossos povos têm tanto para contribuir e ganhar.

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