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Grande banquete, poucos convidados

À primeira vista, os mercados de capitais da América Latina e do Caribe parecem extremamente vibrantes. Quase todos os países da região têm bolsas de valores em funcionamento. De acordo com a Corporação Financeira Internacional, no final de outubro de 1997, cerca de US$515 bilhões de ações e obrigações estavam registradas nessas bolsas, contra apenas US$37 bilhões registrados em 1987.

Mas um olhar mais atento sobre a situação dessas bolsas em dezembro de 1996 põe à mostra um elevado grau de concentração. As oito maiores economias da região respondem por mais de 90% do total da capitalização de mercado (uma medida do valor total das ações e obrigações registradas). O Brasil representa um pouco menos da metade do total. México, Chile e Argentina dominam o restante, enquanto a capitalização de mercado das bolsas da Colúmbia, do Peru e da Venezuela juntas fica um pouco abaixo dos US$40 bilhões. A capitalização de mercado nos países restantes da região juntos soma pouco mais de US$5 bilhões.

A concentração parece mais gritante ainda quando se leva em conta o valor das empresas individuais. Em uma classificação das 100 maiores companhias de capital aberto da região apresentada pela Latin Trade, uma publicação mensal de Miami, 30 corporações do Brasil, do México e da Argentina respondiam por cerca de 45% dos US$479 bilhões de capitalização de mercado de dezembro de 1996. As 10 maiores companhias ficavam com quase um quarto do total. Até mesmo os setores representados nas bolsas de valores são altamente concentrados: só as empresas de telecomunicações entravam com mais de US$85 bilhões do total do valor de mercado da região; as companhias de petróleo e eletricidade respondiam por outros US$82 bilhões.

A concentração dos mercados de valores mobiliários da América Latina vem se acentuando graças ao crescimento relativamente lento de novas companhias que oferecem ações. Na verdade, ainda que a abertura de novas bolsas em muitos dos países menores da região tenha contribuído para o aumento do numero total de companhias registradas, que passou de 1.746 em 1987 para 2.173 em 1996, no Brasil, na Argentina e na Venezuela o seu numero declinou durante o mesmo período.

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